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Fiéis fazem fila em primeiro dia de exposição do corpo de Irmã Dulce; veja

Até o raiar dos próximos dias – e com as bênçãos do Senhor, garante o arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieguer – os restos mortais de Irmã Dulce “irão repousar em virtude de nossas bênçãos”. Isso porque começou nesta quarta-feira (18) a exposição permanente do corpo da religiosa.
Logo no início da tarde, quando foi aberta a visitação, fiéis fizeram fila na Capela das Relíquias, dentro do Templo da Bem-Aventurada, no Largo de Roma. Tudo para poder ver a futura santa de perto. O primeiro momento do encontro foi marcado por um momento de oração, celebrado por Dom Murilo.
Mas quem chegou ao local não viu mesmo o corpo de Irmã Dulce, e sim um simulacro – espécie de réplica, em tamanho original, envolto por uma urna de vidro

“O que podemos ver aqui é um simulacro, que foi preparado em Nápoles, na Itália. A relíquia, que é o corpo de Irmã Dulce, está nessa urna logo abaixo. Não vamos expor para conservá-lo”, explicou o Frei Giovanni Messias, reitor do Santuário.
Ele explica ainda que a réplica foi feita em terracota, espécie de argila manufaturada e cozida no forno, muito utilizada na simulação de corpos de santos. O material demorou um mês para ficar pronto e recebeu os acessórios que pertenceram à religiosa. “O anel, por exemplo, é dela. Já o terço foi um presente que veio do Vaticano”.
Segundo Giovanni, o corpo será preservado, mas um pedaço foi retirado para que seja entregue ao Papa Francisco no dia da canonização, marcada para 13 de outubro. 
Orações
A cerimônia comandada por Dom Murilo foi diferente de uma missa comum. Com duração aproximada de 30 minutos, teve início às 15h, exatamente no momento em que os fiéis puderam acessar a Capela das Relíquias e ver de perto o protótipo, em tamanho real, vestido com as roupas e os acessórios originais da santa Dulce dos Pobres.
“Que sirva para relembrar a todos a vida futura de Dulce, nosso anjo bom, em Cristo”, disse Dom Murilo, ao final da celebração, que contou com a presença da sobrinha e superintendente das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), do prefeito ACM Neto, do vice-prefeito Bruno Reis, além do coronel-geral da Polícia Militar, Anselmo Brandão e de Maria Rita Pontes, sobrinha de Irmã Dulce.
Exposição permanente
Essa não é a primeira vez que o corpo de Irmã Dulce será exposto. Antes, em junho de 2010, numa das fases da beatificação, os fiéis também puderam ver Dulce na Capela das Relíquias, na Igreja da Imaculada Conceição da Mãe de Deus.
A exumação é um dos processos envolvidos da beatificação à canonização. A realizada em julho deste ano foi a última de três no total. A primeira, ainda na Igreja da Conceição da Praia, onde a religiosa foi sepultada, foi acompanhada por oito pessoas. O procedimento era necessário antes da transferência para a Capela, em 2011. 
Foto: Antonio Queiroz/CORREIO
Canonização 
O dia 13 de outubro entrará para a história do catolicismo brasileiro. Será nesta data que a freira baiana Irmã Dulce será proclamada como santa pela Igreja Católica. A cerimônia acontecerá às 10h no Vaticano e será celebrada pelo papa Francisco. A partir dessa data Dulce será chamada de Santa Dulce dos Pobres (seu nome de santa). Além disso, thaverá um evento festivo em Salvador no dia 20 de outubro, na Fonte Nova. 
Religiosa da Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, Irmã Dulce nasceu em Salvador em 26 de maio de 1914 e ali morreu em 22 de maio de 1992. Irmã Dulce foi beatificada em 22 de maio de 2011, em cerimônia no Parque de Exposições. 
José Maurício, baiano que mora em Recife, foi o objeto do segundo milagre de Irmã Dulce. Através das orações para Dulce, José, que é baiano e  mora em Recife, voltou a ver. 
José Maurício era cego e voltou a enxergar (Foto: Thais Borges/CORREIO)
Além de Irmã Dulce, serão canonizados os seguintes beatos: John Henry Newman, cardeal, fundador do Oratório de São Filipe Néri na Inglaterra; Giuseppina Vannini (no século Giuditta Adelaide Agata), fundadora das Filhas de São Camilo;  Maria Teresa Chiramel Mankidiyan, fundadora da Congregação das Irmãs da Sagrada Família e Margherita Bays, Virgem, da Ordem Terceira de São Francisco de Assis.
A Canonização de Irmã Dulce começou em janeiro de 2000. Com o início do processo, seus restos mortais, que desde 1992 (ano de seu falecimento) estavam na Igreja da Conceição da Praia, foram então transferidos para a Capela do Convento Santo Antônio, na sede das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), também em Salvador.
A validação jurídica do virtual milagre presente no processo foi emitida pela Santa Sé em junho de 2003. Já em abril de 2009, o Papa Bento XVI reconheceu as virtudes heróicas da Serva de Deus Dulce Lopes Pontes, autorizando oficialmente a concessão do título de Venerável à freira baiana. O título foi o reconhecimento de que Irmã Dulce viveu, em grau heróico, as virtudes cristãs da Fé, Esperança e Caridade.
O voto favorável e unânime da Congregação para a Causa dos Santos, que levou ao título de Venerável, havia sido concedido em 2008 e anunciado em janeiro de 2009 pelo colégio de cardeais, bispos e teólogos após a análise da Positio – documento canônico misto de relato biográfico e das virtudes e resumo dos testemunhos do processo. Os teólogos que estudaram a vida e as obras de Irmã Dulce a definiram como a “Madre Teresa do Brasil”, pelas semelhanças do seu testemunho cristão com a Beata de Calcutá, sendo “um conforto para os pobres e um exame de consciência para os ricos”.
O título de Bem-Aventurada Dulce dos Pobres foi concedido depois que foi reconhecido como milagre a salvação, pela intercessão de Irmã Dulce, da sergipana Cláudia Cristiane Santos. Em janeiro de 2001, ela sofreu durante 18 horas com sangramentos após o parto do seu filho, Gabriel, na Casa de Saúde e Maternidade São José, na cidade de Itabaiana. Após o padre José Almí de Menezes rezar por Irmã Dulce, Cláudia se viu curada instantaneamente. 
Cláudia e seu filho Gabriel: salvos no primeiro milagre de Irmã Dulce (Foto: Reprodução)
No dia 9 de junho de 2010 é realizada a exumação e transferência das relíquias (termo utilizado para designar o corpo ou parte do corpo dos beatos ou santos) da Venerável Dulce para sua capela definitiva, localizada na Igreja da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, situada ao lado da sede da Osid, no Largo de Roma. A Capela das Relíquias foi construída na própria Igreja da Imaculada Conceição, erguida no local do antigo Cine Roma e do Círculo Operário da Bahia, construídos pela freira na década de 40. ( CORREIOS )