Homenageado em sessão solene para comemorar o Dia Internacional Contra a Corrupção, o ministro da Justiça, Sérgio Moro, disse que é necessário buscar o combate “vigoroso” e “sem vacilos”, “sem impedir os que lutam contra a corrupção” no país. O discurso de Moro foi uma resposta clara às especulações sobre possível parcialidade do ministro em casos envolvendo a Operação Lava-Jato, que ele tratou como “algo não trivial, que não muitos países conseguiriam realizar”. (Foto ilustração)
Nesta segunda-feira, o ministro recebeu homenagem de Carla Zambelli (PSL-SP) na Câmara dos Deputados. Zambelli disse que Moro é “herói nacional” e que foi “muito mais perseguido que todos”. Ao agradecer, o ex-juiz disse que é hora de “olhar para frente”. Sérgio Moro disse que “a corrupção disseminada, como tínhamos há não muito pouco tempo, afeta nossa capacidade como povo. Ataca e corrói os fundamentos da nossa democracia”.
O ministro disse que a situação do país, hoje, “é muito diferente de cinco, seis anos atrás, quando não acreditaríamos que um esquema como o revelado na Lava-Jato seria descoberto, provado e seus envolvidos fossem levados às cortes de Justiça. Não é algo trivial”, ponderou, emendando: “as prisões só foram possíveis com a pressão da sociedade. Ninguém vai esquecer aquele março de 2016 quando milhares de brasileiros foram às ruas pelo combate à corrupção. Temos que olhar para a frente”.
Ao falar sobre a dificuldade em prender criminosos e na recente mudança de entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a prisão em segunda instância, Sérgio Moro disse que há “alguns revezes no cenário anti-corrupção, mas não vieram do governo”. Na sequência, afirmou que, para conseguirmos bons resultados enquanto país, é “imprescindível a volta da condenação após segunda instância”.
O discurso de Moro serve de combustível aos deputados e senadores, que têm ao menos três propostas sobre o tema para analisar nas próximas semanas. Além de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) na Câmara, existe outra no Senado, que deve ser pautada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na próxima semana. O período é o mesmo que alguns deputados planejam colocar uma PEC semelhante em plenário. Há, ainda, um projeto de lei (que é mais fácil para ser aprovado) sendo articulado no Congresso.
Sobre os projetos, o ministro da Justiça afirmou que “muitos parlamentares são sensíveis a essa necessidade e precisam responder às ansiedades da população”. Moro diz que crimes de corrupção “são muito mais que apenas desvios de dinheiro”. Para ele, trata-se de “um ataque à confiança que o povo deposita em seus representantes”. (correiobraziliense)