Por Marcos Niemeyer
A apresentadora de uma emissora de TV em Juiz de Fora se atrapalhou toda na manhã deste sábado (4) ao pronunciar o nome de um pequeno empresário da cidade que ameaçava botar fogo em suas mercadorias, em protesto contra o fechamento do comércio há vários dias por conta do coronavírus. “Bem gente, essa pandemia tá deixando muita gente desesperada.
Foto: Ilustrativa
É o caso do lojista Edvaldo Pi Pi Pi Pi… Piroca. Não é brincadeira não gente, éeeeee o sobrenome dele!”, disse um tanto quanto sem jeito. Aparentemente ofensivo, o nome de família que se segue ao nome de batismo “Piroca”, existe e sua origem é italiana. Porém, em toda a história do rádio e da televisão, não existiu uma situação mais complicada para os locutores do que aquela ocorrida em 1972, quando o mafioso Tomaso Buscetta foi preso no Brasil e extraditado para a Itália. Quem atuava naquela época na redação de uma emissora (e não era locutor) dava cambalhotas de tanto rir ao verificar o apuro em que se encontravam os “speakers”. Então, a saída encontrada por eles foi ler “Busqueta”, que nada tem a ver com a pronúncia italiana. E tome Busqueta pra lá, Busquetta pra cá. Até que o chefe da máfia do país europeu sumiu do noticiário. Alguns anos depois, porém, os jornais anunciaram que o cabra teria voltado ao Brasil, usando documentos falsos. Ainda bem que a notícia não se confirmou, porque seria novamente o caos da locução. Nesses tempos mais recentes, sobrenomes “ofensivos” voltaram a assustar até mesmo os comentaristas e narradores esportivos. Imagina nos canais de TV especializados os apresentadores tendo que anunciar “Louis Picamoles”, da Seleção Francesa de Rugby; Gonzalo Porras, meia do Nacional do Uruguai; Verónica Boquete, espanhola com atuação no Paris Saint-Germain; Lukasz Merda, jogador de uma equipe da segunda divisão da Hungria; Shinji Kagawa, do esporte japonês; Milton Caraglio, jogador argentino e (acreditem!), Ana Buceta, meio-campista do futebol feminino espanhol. Nos meus tempos de criança em Governador Valadares, no Leste mineiro, um amigo de nossa família, o mecânico Wilson Valentim, irmão do radialista Hildo Valentim, o “Telê”, resolveu botar apelido num sujeito que morava ao lado da casa dele, lá pelas bandas do Morro do Carapina, chamando “amigavelmente” o distinto de “Prexecão” por conta do tamanho do homem, de quase dois metros de altura. E a alcunha grudou igual chiclete na sola do sapato. Prexecão, que ninguém sabia ao certo seu verdadeiro nome, não se importava com aquilo e achava até engraçado. Até a própria mãe do “homenageado” passou a chamá-lo daquela forma: “Ôooooo Prexecão, cadê ocê sô? Vem cá meu fi! Aqui, xoti falá procê bobo; amonta na bicicreta e vai lá no melcado (mercado) comprá um trem pra nóis cumê, uai”.
Da redação- Luciano Reis Notícias.