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Alagoinhas desenvolve projeto de recuperação de nascentes e promove o plantio de aproximadamente 250 mudas na comunidade quilombola do Cangula

Voltado à urgência de se discutir preservação, sustentabilidade, práticas regenerativas, mudança climática e conservação dos corpos hídricos, o município de Alagoinhas, no agreste baiano, comemorou o “Dia Nacional da Árvore” – em alusão à chegada da Primavera – com mais uma etapa do projeto de recuperação de áreas degradadas de matas ciliares.

Foto: Divulgação

Nesta segunda-feira (21), profissionais da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente (SEDEA), em parceria com agricultores familiares, concluíram o plantio de mais de 250 mudas na comunidade quilombola do Cangula.

As espécies nativas de Mata Atlântica – que incluem ingás, ipês, aroeiras, mutambas, pau-brasil e cedro, entre outras – foram plantadas junto a fontes de água da região, com o objetivo principal de recuperar as nascentes e aumentar a vazão dos leitos.

“A gente tomava banho aqui. Todo mundo tomava banho, lavava roupa, estendia para ‘quarar roupa’. Isso já deve ter uns 20 anos. Aqui mesmo colocava de molho, aqui mesmo lavava. Fazia tudo aqui na fonte”, relembra Maria Cristina da Paixão Carvalho, apontando para o cenário que já não é o mesmo das 2 décadas anteriores.

“Eles já não alcançaram mais essa água aqui”, completou Cristina, sobre o volume de água que foi diminuindo gradativamente com o passar dos anos e que os filhos e netos já não puderam ver da mesma forma. “Ainda há como recuperar, e essa é a nossa intenção, enquanto corpo técnico.

Temos trabalhado com a questão da agricultura regenerativa, que busca restaurar o equilíbrio natural de solos saudáveis e pode contribuir para reduzir a emissão de carbono, o que significa impacto também na diminuição do efeito estufa.

Mais do que nunca, precisamos repensar nossas práticas. Se não cuidarmos, não haverá espaço para o homem no futuro”, ressaltou o secretário municipal de desenvolvimento econômico e meio ambiente, André Barros.De acordo com o gestor da pasta, a ação e pauta de discussão, embora urgentes, não são circunstanciais.

Segundo ele, plantios vêm sendo realizados no Cangula desde 2018, como parte do projeto de revitalização dos corpos hídricos, e a ação desta segunda-feira faz parte da continuidade ao processo de recuperação de mata ciliar dos córregos do município – o que já vem acontecendo também em áreas do Mangalô, Baixa do Corte e Barreiro, sempre com a participação dos agricultores locais.

“À medida que a gente faz o replantio da mata ciliar, a gente diminui o assoreamento, a erosão, aumentando a vazão do corpo d´água”, explica a ecóloga Arivânia Santos Pereira, que destaca ainda a importância da visão estratégica de se promover, em escala local, ações de alcance global.

“Recuperar as nascentes e aumentar a vazão dos leitos não é um ganho só para a região, mas para todo o município. É uma bacia. Está tudo interligado”, aponta.

Dados divulgados pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas (INPE) revelam que, entre 2018 e 2019, a Bahia foi o 2° estado que mais desmatou áreas de Mata Atlântica, perdendo mais de 3,5 mil hectares de floresta nativa no país que, segundo estudo da Botanical Gardens Conservation International, possui a maior biodiversidade de árvores do planeta.

Na contramão aos índices de degradação crescentes – afirma a vice-prefeita – Alagoinhas, que carrega, na base, na origem e no nome a importância da água, investe em projetos com foco em fortalecer práticas sustentáveis, em restaurar os processos ecológicos essenciais e em contribuir para preservação de biomas e recursos hídricos.

“O mundo, hoje, nesse 2020 cheio de complicações, recebe a Primavera, pegando fogo. (…) o que estamos vendo é árvore morrendo, queimadas, derrubadas, o desmatamento, a devastação até gananciosa, muitas vezes, e as nossas regiões mais verdes, como a Amazônia e o Pantanal, virando cinzas! Pra onde estamos indo?”, questionou.

A partir de ações que envolvem poder público e também a população em geral, a SEDEA tem incentivado alternativas que contribuam para reduzir os impactos ao meio ambiente. Além das mais de 250 mudas plantadas hoje no Cangula, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente monitora ainda espécies de ingá, pau-pombo, jenipapo, canafístula e mutamba, no Mangalô, plantadas também a partir do projeto, que levou mudas ao aterro sanitário e ao Sobocó, no último ano.

Segundo a SEDEA, novas ações serão realizadas, o que inclui o plantio de espécies em áreas degradadas, mas também a reabilitação de áreas de preservação, a construção de ambientes propícios às práticas da educação e sustentabilidade, estratégias integradas para reduzir impactos ambientais, além de medidas preventivas que considerem o reaproveitamento, a reciclagem e a redução de resíduos gerados nos processos de produção.

Da Redação- Luciano Reis Notícias, com Secom.

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