O debate inaugural da campanha para prefeito de Salvador em 2020 foi no tom que a campanha promete ser: morno. De um lado, o atual vice-prefeito, Bruno Reis (DEM), candidato da situação, sendo alvo dos ataques dos adversários. Do outro, todos os demais postulantes ao Palácio Thomé de Souza. Mesmo que a eleição não seja em tom de plebiscito sobre a gestão de ACM Neto (DEM), esse foi o caminho escolhido pelos seis candidatos de oposição que participaram do debate da Band Bahia.
A vidraça foi exposta, porém não chegou próxima de trincar: Bruno Reis pareceu estar disposto a defender com unhas e dentes o padrinho político.
Foto: Divulgação/Band)
Bacelar (Podemos) e Olívia Santana (PCdoB) tiveram um desempenho importante nas críticas à gestão atual. Desde o primeiro momento, quando a pergunta foi única para todos os candidatos, foram eles que melhor responderam ao questionamento sobre cultura e turismo pós-pandemia. Major Denice (PT), estreante na política, seguiu um script bem definido, mas não pareceu completamente confortável. Respostas prontas para tópicos pré-estabelecidos. Porém, se Bruno Reis defendeu ACM Neto, coube a Denice explicitar que é a candidata do governador Rui Costa no pleito – a ideia de legado do petista para Salvador foi reforçada em mais de uma oportunidade.
Quando não houve o embate direto entre o candidato da situação e a oposição – algo que fatalmente aconteceria em um debate com seis contra um -, um jogo de compadres e comadres foi perceptível. Os aliados no plano estadual levantaram a bola uns para os outros e aproveitaram o espaço disponível na TV aberta para alfinetar a gestão de ACM Neto. No entanto, parte das críticas poderia ser refutada, caso houvesse maior equilíbrio entre os dois lados da disputa política em Salvador.
A cerca de uma semana do início da campanha eleitoral nos meios de comunicação, o encontro na Band Bahia pareceu um prenúncio dos programas que estão por vir. Bruno Reis no modo repetição dos feitos da administração atual; Denice e Olívia com o argumento da maternidade – simplista, dado ao potencial de ambas -; Bacelar contra a política do “sol, sal e sexo”, que não chegou a ficar completamente explicitada; e Sargento Isidório (Avante), Hilton Coelho (PSOL) e Celsinho Cotrim (Pros) ocupando um tempo precioso do debate político sem mostrar substância.
Um debate com tantos participantes atrapalha a apresentação de propostas ou de projetos para uma cidade tão complexa como Salvador. Um eleitor que não tivesse uma oportunidade diferente desse primeiro embate sairia sem saber exatamente em quem votar. Teria a opção de votar para ACM Neto continuar na prefeitura – algo intangível – ou acreditaria piamente que a cidade está um caos absoluto. Nenhum dos dois casos se encaixa na realidade. Quem vai às urnas no dia 15 de novembro não terá vida fácil para decidir com base no desempenho dos prefeituráveis nesse primeiro confronto direto entre eles.
Da Redação- Luciano Reis Notícias, com BN/ RBN Digital/A Tarde FM.