O professor de História e escritor Júlio Pimentel Pinto avaliou os rumos da política mundial após a eleição de Joe Biden para a presidência dos Estados Unidos. Em entrevista a Mário Kertész hoje (10), durante o Jornal da Bahia no Ar da Rádio Metrópole, ele comentou a decisão de Donald Trump de negar o resultado do pleito americano e como isso pode influenciar no Brasil. Para o educador, mesmo com a vitória de Biden, os Estados Unidos se mostraram um país muito dividido.
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“Todas as pesquisas prévias indicavam uma vitória muito mais tranquila e folgada do candidato democrata. O que se viu na eleição foi uma disputa apertada e votos surpreendentes. Não me refiro aos estados que giram de um lado para o outro, os chamados ‘swing states’. Eu estou me referindo aos votos dos latino-americanos, que tenderam muito mais aos republicanos do que se previa. Na Flórida, se supunha que houvesse um equilíbrio e não houve. Mesmo o voto de mulheres e negros, que se estimava e calculava nas pesquisas que seriam predominantemente para o Joe Biden. Acabaram sendo muito mais divididos do que se supunha”, disse Júlio.
Na avaliação do professor, embora Trump tente judicializar a votação, não há indícios de que a situação vá ser revertida. “O balanço geral desse momento, com muita incerteza, já que tem esse caminho judicial que o Trump pretende tomar, não vai dar em nada. Posterga o resultado e tem toda essa dificuldade de organizar uma transição agora, porque ele resiste, tanto bloqueando recursos financeiros, acesso a dados e isso provoca uma certa paralisia. Com todas essas dificuldades de se situar num momento exato que a gente está vivendo e saber quando todo esse hieróglifo será decifrado, o que dá para perceber é que há um passo em direção à desradicalização, mas ainda bastante tênue”, declarou.
Para Júlio Pimentel Pinto, no entanto, mais do que a eleição de Biden, o resultado americano é importante pela derrota de Donald Trump. “É lógico que é muito importante, num plano geral, que uma figura que não gozava de estima da maior parte das maiores lideranças, criou vários problemas no âmbito comercial e na seríssima questão ambiental, que é um trunfo do Biden. Lógico que essa visão internacional, que é cada vez mais negativa sobre ele, contribui, se não para o debate interno norte-americano e desgaste da imagem dele lá dentro, contribui para que se veja em outros países o ridículo e o caricatural dessa recusa de aceitar um resultado, que foi absolutamente lícito”, apontou.
Da Redação/Luciano Reis Notícias, com Metro 1