O governo baixou as taxas de juros dos empréstimos consignados com uma canetada e a resposta dos bancos, inclusive os públicos, foi imediata: eles suspenderam essas linhas de crédito. O embate monopolizou as atenções e deixou em segundo plano algo que talvez seja ainda mais importante: a irresponsabilidade de tentar ampliar ainda mais o endividamento de uma população que já está com a corda no pescoço. (Foto ilustração)
Desde o final de 2022, o percentual de famílias brasileiras que relatam estar endividadas supera os 78%, um recorde histórico. Dados da Confederação Nacional de Comércio (CNC) divulgados no começo deste mês mostram uma taxa de 78,3%.
Os números sobre inadimplência aumentam o drama: segundo a Serasa Experian, 43% da população adulta tinha dívidas em atraso no final de janeiro, o equivalente a mais de 70 milhões de pessoas.
O brasileiro não está conseguindo pagar suas dívidas. Nessas circunstâncias, a solução não pode ser incentivá-lo a contrair mais empréstimos, com juros um tiquinho menores. Isso equivale a empurrá-lo para a beira de um abismo financeiro, fazendo de conta que não há perigo algum.
Bancos não fazem caridade. Suponho que a recusa em praticar as novas taxas de juros impostas pelo governo tenha algo a ver com rentabilidade. Mas com certeza absoluta os números de endividamento e inadimplência também pesaram na decisão.
Juros refletem o risco de não se receber de volta o que se emprestou. O consignado é apenas um dos tipos de financiamento a que as pessoas recorrem. Ele existe lado a lado com pilhas de outros carnês. O risco de um empréstimo descontado diretamente na folha de pagamento do mutuário pode até ser menor, mas o cenário do endividamento como um todo no Brasil não é nada bom.
Lula quer que as pessoas consumam. Lula quer que a economia acelere. Lula quer cumprir suas promessas de campanha. Estaria tudo bem se ele não tentasse fazer isso com medidas irresponsáveis, que põem em risco o futuro da economia e das famílias brasileiras. Sem prestar atenção aos riscos, o que Lula quer de verdade é sair bonito na foto. (Carlos Graieb).
Da Redação- Luciano Reis Notícias, via Bahia na Política.