Ao chamar ACM Neto de “grampinho” em evento na Bahia, Lula jogou gasolina no fogo que a ala anti-PT do União Brasil vem tentando espalhar na legenda e não contribuiu com o caminho para compor com o partido, dizem lideranças da sigla. (Foto ilustração: Lula e ACM Neto)
A estocada mirando o secretário-geral do União Brasil e ex-prefeito de Salvador ocorreu a dias de uma reunião entre Palácio do Planalto e o comando da sigla, justamente para buscar aproximação.
O encontro atende a um pedido de Lula, que cobrou seu time da articulação política a organizar a base o quanto antes.
“Esse episódio, sinceramente, mostra que Lula não está bem. Ou desaprendeu a fazer política. Um ataque de graça. Mexendo em quem tá quieto”, diz um integrante da cúpula do União Brasil sobre a fala do presidente na Bahia.
Quadros do partido próximos a ACM Neto classificaram, nos bastidores, a fala de Lula “de ataque vil” e “episódio lamentável”.
O apelido “Grampinho” faz menção ao escândalo dos grampos, protagonizado pelo avô de ACM, Antônio Carlos Magalhães.
Um aliado diz que, em tempos de críticas a falas capacitistas e etaristas, Lula deveria ser cobrado por se referir de forma jocosa à estatura de ACM Neto.
O grupo de “oposição ferrenha” ao governo Lula dentro do União Brasil é minoritário, mas é barulhento e, com esse episódio, tem motivo para comprar briga, avaliam parlamentares ouvidos pela CNN.
O deputado Mendonça Filho, por exemplo, apresentou requerimento para convocar o ministro Rui Costa a se explicar no plenário da Câmara sobre declarações acerca da privatização da Eletrobras. O chefe da Casa Civil disse que a privatização, aprovada pelo Congresso Nacional, tem “cheiro ruim”.
O problema do Planalto, hoje, é que a maior parte da bancada do União Brasil na Câmara, com 59 deputados, está no grupo chamado internamente de “flutuante”. Ou seja, não milita contra Lula, mas não vai aderir facilmente à base.
O grupo tem dado trabalho ao Planalto, que ainda busca um modelo de governabilidade.
“Um carguinho no Dnit do estado não arrasta mais ninguém para a base. Emenda até pode ajudar”, diz um experiente deputado do União Brasil.
Um ruído com parte da legenda não ajuda em nada neste momento. A avaliação é que o Planalto vai precisar de mais aliados na legenda além de Luciano Bivar, que não tem controle sobre a bancada, caso queira avançar em outros temas além da pauta econômica.
Na votação do marco fiscal, por exemplo, a sigla vai entregar votos. Mas em “pautas da esquerda”, parlamentares afirmam que, atualmente, não há ambiente para apoio amplo. (CNN)
Da Redação- Luciano Reis Notícias, via Bahia na Política.